Acordei com Cazuza e você ao pé do ouvido.

 Enquanto observo o café esfriando, Cazuza embala minha manhã. Assim como eu, ele também queria ver no escuro, onde está o que você quer, pra me transformar no que te agrada, no que te faça crer, quais são as flores e as coisas pra te prender? Se eu descobrir, tatuo na pele. Já tenho duas, peonias e rosas. Pensei em orquídeas para a próxima. Difícil é ouvir tudo que você manda e entrar numa crise existencial profunda entre: responder é trair? Ler é trair? Alguém merece ser traído? As vezes acho que sim. Por amores antigos a gente faz assim. É difícil enxergar a linha entre o que vivemos e o que ficou na mente, é como se tudo se misturasse de tal forma a ponto de nos jogar dentro de uma piscina com todas as informações e pedir que nademos, mas não há bordas, não há escada de saída, tampouco salva vidas pra nos resgatar. 


Somos apenas duas adultas silenciosas revivendo um doce passado em um presente amargo e cheio de dúvidas. 

Fomos instantes tão intensos que agora somos obrigadas a conviver com a dor (deliciosa) do e se? E se largasse tudo? E se ligasse? E se beijasse? E se? Meu coração dá um pequeno salto, mas não quero, não posso, não podemos. Não hoje, não agora, não ainda.

Agora o café já está na temperatura que eu gosto, não muito quente, não muito frio. Detesto café quente demais. Você ao menos me conhece? Você não teve essa oportunidade. Eu não sou aquela menina que amava Guns n Roses e fumava cigarros sem se importar com os próximos dez anos.


Eu sofri, muito, eu passei por coisas bizarras, você não conhece ninguém até conviver, e se o que você sente é só um amor romântico imaginário? E se o que eu sinto é loucura? Tenho medo de enlouquecer diante desse sentimento que me consome todas as vezes que você chega e silenciosamente planta sementes aqui dentro.


Mas é difícil não me imaginar aí ao seu lado, com pés entrelaçados, jogando vídeo game enquanto você me irrita como sempre fez e da aquele sorriso lindo que só você tem. O sorriso mais anatomicamente perfeito do mundo. Eu não tô apaixonada por você, eu nunca estive. Eu sempre tive o que quis de você. Mas e se quiséssemos mais? E se quiséssemos o jantar, o presente, o carinho, não sei.


Sinceramente só espero que o futura consiga responder a tantas perguntas que me sufocam numa mera manhã de quinta feira, e ainda é janeiro.

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