L.
O que me irrita é que tu merece mais, sabe? E eu não sei o que te trava. Eu não te conheço. Isso dói, mastiga um pouco imaginar como você é. Como borboletas no estômago ao contrário, ao invés de voar, elas me devoram por dentro.
Porque eu não posso te escolher, porque eu já fiz minha escolha, porque você me ensinou como ser leal demais através da porra da filosofia daquela velha que se recusa a ser altruísta. E eu não posso trair alguém assim.
Trair seria trair a mim mesma. Seria te trair, trair esse sentimento. Mas dói, porque eu realmente acho que você merece alguém que te dê tudo, que seja um mundo pra você, que compartilhe os melhores e os piores momentos dessa vida ao seu lado, e foda-se, talvez você não precise disso, mas na minha cabeça precisa, porque eu gostaria de ser livre um dia pra ser essa pessoa e o fato de não conseguir tomar essa decisão nunca, sempre acaba comigo.
É difícil lidar com um sentimento tão embolado que já sobrevive há anos, difícil quanto sabemos que por mais que pareça loucura, ainda parece tão real.
Sabe, houve um momento, um breve momento, que tive coragem. Cara, eu fui atrás de você. Eu torci pra que você estivesse lá, mas você não estava. Nenhuma das tantas vezes que frequentei aquele maldito grupo de estudos onde eu só ia pra ver você. Foram meses, estava num relacionamento desgastado, tudo que queria era um motivo, um único motivo e eu queria que fosse você, só fazia sentido que fosse você, por isso eu tentei. Mas você não apareceu nem uma das vezes, e eu não tive coragem de falar.
Eu fui covarde, você também.
E esse é o gigantesco preço da covardia, o ‘’e se?!’’
E te ver assim, revivendo memórias, buscando a mim através de gestos tão singelos, me dá medo, medo de nunca viver isso. Me dá medo porque não tenho coragem de me permitir.
E eu me pergunto será que esse emaranhado de ideias só existe aqui?! Não é possível. Sabe, eu amei tanto a Amanda que eu fechei os olhos pro que eu sentia por você. E na real eu nunca te enxerguei como uma real possibilidade de vivenciar algo real, eu me sentia usada. Era assim que ela me fazia enxergar essa situação, que você me usava pra afetar ela. Então me blindei pra caralho e recusei a porra da química do caralho que a gente tinha em troca daquele amor morno e vagabundo que ela tinha pra me oferecer.
No fim das contas eu senti ciúme sim quando te vi com a sua ex, mas é um ciúme saudável sabe? Daqueles do tipo: porra, a ex não né caralho… você merece mais.
E por mais que eu não seja esse mais, não desiste de procurar. E não me faz arrepender de enviar isso, porque é 00h e eu tô puta pra caralho com o país, com minha família e comigo mesma. E eu sei que vou me arrepender porque todas as vezes que eu pensei em te escrever eu desisti, mas quer saber? Eu tô cansada. Eu tô cansada de me esconder, de me ofuscar, eu fiz isso por anos demaissss seguidos, sempre na sombra do mundo, com medo de ser incompreendida e eu não sou assim, não sou covarde e não vou mais esconder o que eu penso. Eu fui assim por tempo demais e me senti presa. Então foda-se, sabe?!
E Lo, eu sei que eu não te amo, eu sei que tu não me ama, mas a gente se amaria muito se fosse possível.