De concreto e sal.

 Muro de concreto e sal, esse que nos divide. Lembro que nos beijamos na virada de 2011. Também no show do Kid abelha, enquanto tocava uh eu quero você como eu quero. Você parecia só querer me usar, como instrumento de ciúmes pra causar dor em outro ser. Isso me parece o auge do egoísmo. Não o de Ayn Rand, no fim das contas não havia nada de puro altruísmo naqueles beijos. Você é descarada. Você não me queria nada! Você me enganou e eu gostei. Você fingiu e eu acreditei, mas depois você não conseguiu me esquecer. 


E eu não consegui esquecer de você. E após todos esses anos de músicas enviadas e mensagens trocados eu continuo lembrando daquele beijo. Aquele terceiro e último beijo. De como você parecia que iria me perder para sempre. De quando você desceu do Haliday e me levou até perto da praia, de como você não se importava se tinham três milhões de pessoas ali observando a gente. 


Eu nunca te amei, é verdade. Eu acho que você também não. Você nunca abriu mão de nada para ficar comigo, você nunca teve coragem. Você não me escolheu. Acha justo querer que eu te escolha agora? Estaríamos predestinadas a passar o resto da vida nos desejando sem poder tocar ou estamos em um looping ilusório onde as duas acreditam em algo que já não é real.


O que você verdadeiramente sente por mim? O que você seria capaz de fazer pra ficar comigo? Ou não. Ou talvez tudo devesse ser fácil e simples. Só então seria verdade. Esse sentimento, seja lá o que for. É cruel com ambas. E não posso mantê-la nisso.


Eu desejo que nossas escolhas futuras nos ponham uma na frente da outra, desejo que o tempo seja gentil e que torne isso real. Que possamos nos cruzar um dia, num bar ou numa esquina, e num momento qualquer da vida, dizer sim. 

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