Certa
vez, sentada nas pedras apreciando o pôr do sol, perguntei ao horizonte
se haveria algo capaz de me deixar mais feliz que o mar. Não esperava
uma resposta concreta de algo tão abstrato quanto o horizonte, mas mesmo
assim ela veio, tão silenciosa quanto um mar sem ondas, e me disse: a
felicidade certamente virá todas as vezes em que você entrar em contato
com o mar, mas não se engane, tão logo feche os olhos e flutue, você
perceberá que toda aquela felicidade não poderia vir de outro lugar
senão de dentro de você.
O
mar, certamente abrirá os caminhos para que você se encontre. Dentro
dele escondem-se tantos mistérios, mas também poluição e bichos
estranhos. Do mar você pode esperar felicidade e também tristeza,
quantos mortos abrigam as profundezas? Quantas rochas ainda não foram
estudadas? O mar nada mais é que uma porta de saída e entrada para a
alma. Para mim, humanóide, apaixonada pelo mar desde muito cedo, ele
pode significar todas essas coisas e muitas outras, outros, temem até
sua superfície. Eu sei, através da ajuda do budismo, que a felicidade
encontra-se dentro de mim, e isso qualquer um deve saber, provavelmente
ela não é resultado de grandes conquistas, como um carro, uma viagem, ou
um amor, mas sim uma somatória de quem você é e busca ser. O mar não me
faz feliz, e nem tem essa capacidade sobre ninguém, por mais que muitas
pessoas atualmente o exaltem e finjam pertencer a ele, o mar é apenas
uma ponte, uma travessia, uma porta, e se você não sabe o que vai
encontrar do outro lado, é melhor que fique calado. O mar não é seu
aliado.