Puxando pro lado Gessinger, desejando ver pinheiros dos pampas.

Eu poderia escrever semanalmente, como Humberto. Quando a segunda vira terça, exatamente naquela transição, ou quando o domingo vira segunda, e a monotonia toma conta da cidade. Eu poderia ou deveria, ou gostaria, que esse mecanismo fincasse em mim. Mas acho que o gosto por escrever acabou. Assim como   o espírito desse blog morreu, murchou, o espírito das letras aqui dentro de mim já fede, já está em putrefação, porém, a única que consegue sentir isso sou eu. Os demais, leitores do Brasil, e até Equador, Alemanha e EUA, me visitam com a esperança de encontrar algo pelo menos parecido com o que eu costumava escrever. Ao invés disso encontram textos que nem sequer são meus, mas que apenas os induzem a sentir aquilo que sentiam quando me liam. Textos que me legendam, que me dublam, mas que não tem nada de original. Acompanham minhas músicas favoritas, minhas fotos favoritas, minhas palavras favoritas, mas nada, nada meu. Nada que venha deste cérebro tão entediado com férias que parecem não ter fim, que vão até abril, até agosto ou talvez até janeiro. Que vão, enfim, até começar as aulas da faculdade. Faculdade essa que eu não sei se dou conta, mas insisto em cursar pra ter a vida perfeita que a família sempre sonhou. Bom salário, casa gigante, vários animais, quatro filhos, amor pra vida toda e nenhuma empregada. Sou de descendência indígena e meu sangue se nega a acreditar que uma mulher precise de outra pra cuidar daquilo tudo que ela mesma decidiu que seria seu, e aquilo que pôs no mundo. Não sei exatamente como este blog causou tantos sentimentos a quem o lê, mas sei que neste tempo todo, me rendeu boas confusões. No começo as confusões eram propositais, eu escrevia para causar destroço no coração do espírito do blog, aquela que todos devem conhecer: Amanda Leandro. Logo depois, após começar um namoro que eu acreditava ser o santo grau da intimidade(O quão boba pode ser uma mente aos 16?), continuei a escrever, e as confusões se voltaram para meu relacionamento. Relacionamento esse com fim trágico, várias ameaças de suicídio, mas que, no fim, não passou de uma escorpiana querendo prisão perpetua pra um coração aquariano, corações ciganos esses de aquarianos... Só aceitam ficar presos se eles mesmo se colocarem atrás das grades. Teve a guria do amor platônico, teve a do amor anônimo, que me amou através de perguntas e apenas por um mês. E teve as seguintes, as três seguintes, que criaram blogs exatamente como o meu para escreverem sobre mim. Dessas três, duas trocaram mensagens com minhas músicas favoritas, meus textos favoritos, com meu blog favorito: o meu. Depois de conhecer minha atual namorada o gosto por escrever se perdeu gradativamente. Hoje reconheço o que é a verdadeira intimidade, o verdadeiro santo grau, hoje sei o que é um orgasmo, o que é fidelidade, o que é sonhar com o futuro. E que futuro virá? Isso eu espero deitada sobre meu edredom de zebras com o computador na perna ouvindo péssimas e enjoativas músicas, como Cat Power e Stereo Total. Fazendo apenas nada sobre nada. E tentando reviver o que um dia foi doce, mas que hoje só amarga na boca de quem prova.

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