Eu me larguei.
Eu larguei o blues, baby. Eu larguei o blues e o cigarro. 
Me deixe te matar dessa vez, como matei o vinho, o conhaque, a sobremesa do bar da esquina. Me deixe lamber seu suor só dessa vez. Não tome banho logo depois do sexo, não guarde o gozo pra mais tarde. Cuspa em mim todos os descontroles que você disfarça. Eu não quero que cuide de mim (mais) 
Eu larguei o último cara com quem estive porque ele fumava pouco, mas você não fuma, baby. Não tenho razões pra te largar. Existe razão mais medíocre do que essa para largar alguém? Quase te digo que vou embora exatamente por não ter porque ir. Você acreditaria? 
Filho da puta, isso foi uma metáfora.
Eu sou uma metáfora e todos os meus cigarros.
A minha maconha tão exposta.
Meu sexo tão vulgar.
Eu larguei o blues, baby. Eu perdi a música, o rumo, a casa, o telefone.
Eu sou uma poesia falida e você nunca quis me ler.
Meus cigarros me faziam bem. Quem me fez mal foi você, com todo esse cuidado sigiloso e atencioso.
Eu larguei o cigarro, baby.
E a mim.
A mim.
mariá

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