Posso enfim rever, vindo lentamente, a dor de amar sem ser amado... Ela me deixou, soltou minha mão, e eu aqui sentada, olhando a parede amarela da sala de estar que ela sempre esteve, e eu não quis que ela ficasse. Agora já longe, quinze ou dezessete degraus acima do meu asfalfado coração, eu me recordo do seu gosto de amora com pudim e dos seus dedilhados me ensinando a tocar Jota Quest. O pobre guri que foi capaz de se apaixonar pela minha metade da laranja transformou toda a limonada num suco completamente sem graça, com sal e cachaça. Azedou o meu amor. Ela ouviu eu-que-não-amo-você, do Gessinger e se apaixonou, ele já apaixonado delirou ouvindo negro-amor, põe trevas maciças nisso... Aquele comercial chato fica repetindo, saco! E eu não aprendo que eu deveria ter vetado todas essas vontades antes mesmo de a conhecer. Que eu jamais deveria ter olhado pra trás naquela quadra de esportes, e que que-seja-doce ainda devia ser segredo compartilhado só com amores bem resolvidos e maltratados.

Postagens mais visitadas