É que quando eu me afasto de vocês o meu mundo fica bagunçado, com sujeiras e mágoas pra todos os lados. Com corações partidos e boca amarga. Quando eu me distancio de você, mesmo que por um ou dois dias, os dias já não são dias, são martírios, são só dor. E a agonia de te beijar a boca e te arrancar sorrisos invade esse ser vivo que só quer amore. Mas se um dia eu te encontro, de longe te reconheço, pulo em teu pescoço e mordo teu queixo. Dou mil beijos em tua boca e desconheço que um dia te odiei. O que me prende nesse vai e vem é o teu ir e vir sem fim, mas se eu posso pedir, por favor! Tenha pressa em sair de mim já, que é já que eu quero viver. Já não há borboletas em minha varanda ou flores em meu jardim, as ruas todas brancas carregam a fumaça paralisada do incêndio que você causou aqui, as fotografias queimadas e a cabeça doendo, os olhos ardem em brasa de ciumes daquele moreno, e os teus cabelos, meu Deus, quão dourados estão, e ficam a cada dia mais cheios de veneno com cheiro de solidão. Mas se a saudade aperta, se no peito já não cabe todo esse fim de festa, limpa tudo e me chama, que nessa tua dança de cigana eu volto sempre a cair. E você tece essa trama como uma viúva negra prepara a sua teia pro bote, juntas nessa maré ora de azar ora de sorte, eu busco o sentido do sentido que você fez da última vez, como se eu devesse continência pra uma mulher que não honra seus reis. E que tudo passe e que você voe, e que o sul esteja quente para te receber. Eu vou me adaptando, me aquietando, vou enfim, aprendendo a viver sem você.
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como uma flor selvagem numa floresta do japão.
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