De primeira me causou repulsa. Logo em seguida amor. Fora assim o início desse longo transtorno que tem sido nossa tão pura história. Mandava muito Engenheiros do Hawaii, era recebida com uma parcela de medo e outras duas de amor. Ela sempre fora bem dividida. Dividia sorrisos, tristezas, bastava ela chegar e o clima mudava completamente. Bocas de escancaravam, caras se fechavam totalmente, como disse: Repulsa e Amor. Isso é tudo que ela consegue causar nas pessoas, infelizmente, ao mesmo tempo. Não sabe ser uma de cada vez, ou você a ama, ou você a deixa. Como a Pátria, isso, ela é também como a Pátria! Suas histórias são bem contadas e os narradores são sempre seus ex-amores. Ela também sempre teve aquele Q, sabe? Aquela coisa de quem sabe tudo sobre tudo e não deixa ninguém superá-la em opinião ou argumento. Dei de tomar café agora, acreditem se quiser. Pasmem, não sei qual a comida favorita dela. Se eu a amo, então porque não sei sequer a comida favorita dela? Temo que seja lasanha, seria realmente uma coincidência, visto que as mulheres que me deitei depois dela sobre uma mesma cama para fingir que amava tinham todas o mesmo prato favorito: LASANHA! Tem uma sonoridade suculenta, pena que não tanto quanto seja a cara. Urgh! Quando eu a via crescia em mim uma vontade ensurdecedora de serví-la, não importava em quê. Se me mandasse a China, iria até correndo, se preciso. Mas ia. Eu ia a onde ela me pedia, estava sempre lá, não faltava fisicamente ou espiritualmente. Minha alma sempre fez questão de segurar a mão da alma dela. E fora assim desde o primeiro dia. No começo ter que dividí-la com um homem me deixou enlouquecida de raiva, pensava em como eu poderia dividir o MEU alguém, que eu havia custado tanto a encontrar... Que ingênua! Mal sabia eu que essa seria a maior prova de amor que alguém poderia dar a outro alguém. Eu a dividi com todos, com todos que a queriam, eu a via encostar na boca de outra mulher pelo menos uma manhã a cada semana, e isso era terrivelmente perturbador, aos trancos suportei bocas e paixões sem fim. Aos trancos também fui em busca de bocas e paixões. Devo ter encontrado duas ou três pelo caminho. Todas temem o amor que sinto por ela. Sabem que não podem competir, ninguém compete com coração. Coração ganha no primeiro momento e não se perde nunca mais. Era noite fria na praia, ela sorriu e me pediu um beijo, mas meu coração já era seu desde o dia 24 de novembro do mesmo ano, o dia em que a vi pessoalmente pela primeira vez. Mas vejam só, eu já a amava. Antes disso, antes de tudo. Lembro do dia em que comecei a amá-la. Encontrei-a por acaso em uma rede social, a foto era em uma social na casa de uma chará dela. Uma fita bastante fina passando pela testa e atravessando sua cabeça, dando um laço em alguma parte pelos cabelos pretos e bastante curtos. Foi a primeira coisa que amei nela. O head-band bem natural, passei dias voltando aquela foto e tentando refazer a cena de como ela conseguiu ter uma idéia tão incrível de por aquilo na cabeça. Foi a única vez em que a vi absolutamente perfeita. Por uma foto. Calça jeans, símbolo de rock nas mãos, careta de má-fofinha na foto. Blusa branca. Mas nada me chamou mais atenção do que o que havia escrito abaixo da foto, não lembro uma palavra sequer do que havia lá, mas lembro que me apaixonei perdidamente por aquela garota. Todos os dias eu a lia, visitei todo o seu arquivo de fotos e textos. Decorei cada centímetro do seu rosto. Disseram que eu amo ao contrário. A frase soou conhecida pra mim, pensei por alguns segundos que a pessoa que disse poderia ter visto isso em qualquer lugar, anyway, meio distraída perguntei: Como? Continuaram. ''Sei lá, essa coisa toda aí sua com Ela, parece que começou sendo amor, depois virou paixão, amizade, coleguisse e hoje tão aí, no desconhecido.'' Isso faz tempo, eu estava sem falar com Ela. Eu fui fiel a ela por todos os segundos durante todos os meus outros relacionamentos. Lembro que certa vez pensei não sentir mais, me senti dormente. Jurava ter me livrado da ''coisa toda''. Mas não, voltou rasgante, estuprou os meus planos e enfiou o dedo na garganta da minha rotina. O que eu quero é ELA, não há mais dúvidas. Corações partiram-se, não posso fazer nada. Não posso me enganar, eu a amo, ela é tudo o que eu quero pra e na minha vida. Ainda que todas as almas fossem dilaceradas e expulsas deste mundo, a única que realmente me faria falta seria a dela. Houve então o tempo do blog. O fiz, pensando nela. A frase ''QUE SEJA DOCE'' me foi apresentada em uma fase que o amor era mais forte que tudo em mim, marcou. Ela me marcou, e eu a marquei em mim. Sim, tem muito dela no meu pulso esquerdo, sei que é recíproco, não tenho nenhum tipo de medo de admitir isso para o mundo todo, se necessário. As coisas sempre se enfeitam e dão um jeito de acontecer quando elas estão predestinadas, e mão nenhuma consegue interferir nisso, porque Deus não permite, porque nós não permitimos, porque lutamos até onde não há mais forças, e se preciso roubamos as forças de outras pessoas pra continuar naquela história. Eu tinha medo dela. Eu tinha medo da presença dela, do que ela me fazia sentir quando estava chegando, do que ela me fazia sentir quando chegava e principalmente, morria de medo de quando ela saía de perto de mim, era a hora em que ela estava mais viva dentro da minha cabeça, e tudo o que eu conseguia fazer era refazer a cena da praça, do dia em que nos conhecemos. Ela perguntou se eu era eu mesma. Óbvio que era, Maktub, eu tinha que estar ali pra ver aquele símbolo de radioatividade estampado na farda preta dela, o adidas surrado e a calça marcando o corpo mais perfeito que eu poderia imaginar. Minha mente refazia cenas como essas, simples, marcantes. Poucas vezes nos beijamos, era quase desnecessário, normalmente um abraço me deixava completamente satisfeita, e isso me enganou certas vezes, me fazendo pensar que o que eu sentia era fraternal. P-a-c-i-f-i-c-! Negativo, no, no, no, Honey moon! O que eu sentia era carnal, sentimental... E só quando o meu medo de tocá-la foi finalmente vencido pelo meu desejo de sentir o sal na boca dela profundamente foi embora é que eu a beijei de verdade, foi num shopping. Sem receios, ninguém reparou. Somos muito nós juntas, ninguém ao redor percebe nossa presença, nos damos unicamente uma a outra, e não ligamos pra mais nada. Exceto brinquedos de shopping, água de coco e sorvete. Nos perdemos total quando isso invade nossa frente. Nosso tempo é medido por risadas, é muito difícil ficarmos sérias ou tristes. Fomos feitas para não dar certo, essa é a verdade. Ela, com sua namorada perfeita, eu, com minhas namoradas perfeitas, e cada uma para o seu lado. Foi tipo isso, sempre. Acabou a palhaçada, foi o que pensei semana passada, no domingo aperto o play e seja o que Eu&Ela quiser. Largo todas as possibilidades de felicidade e levo sorvete de flocos na cama dela, vejo ela dormir, beijo, agarro, caso, por fim. Esses são meus planos, que ela provavelmente lerá em breve e com os olhos sorrindo pensará: O negócio andou mesmo, será? E será. Escrever sobre essa história é muito fácil, posso fazer alusão a fatos que não caberiam em nenhum romance de cabeceira, daria uma obra de Nelson Rodrigues, uma das primeiras com final feliz. O meu coração implora por ela todos os minutos do dia, e aquele velho corte no meio do lábio inferior dela não me abandona. Sinto-o sempre. Os detalhes é o que melhor guardo em mim, daquele rosto. Ela sorrindo, ela quase chorando, ela me enfrentando... Ela me cala. É a única que consegue. Alguém duvida que seja amor? Que me provem o contrário, por favor, pra ver se eu consigo parar de acreditar que a vida tem que ser com ela. Essa minha dependência dela é que fode tudo. Mas tudo me abandonou, há agora um par de asas em mim, foi o que sobrou. Inicia-se aqui mais um capítulo da história, uma parte II, quem sabe... Ah, pronto, encontrei a definição perfeita! Começa aqui uma rehistória. Uma rehistória de amor. Houve tempos em que ela sumiu de mim. Eu mandava mil&uma mensagens, ela não me retornava. Buscou afago em mãos que não foram as minhas. Causamos danos quase irreparáveis uma na outra. Derrubei o coração dela umas quinhentas vezes, mas comigo não foi diferente. Fui magoada ao extremo, ela me levou a tentar suicídio várias vezes. Eu engoli uma porrada de barbitúricos por ela. Não me orgulha, isso. Mas é porque quando a conheci, tudo em minha vida passou a funcionar da mesma forma. Eu repudiava e amava a morte, e a vida. O amor e a amizade. Sentia calafrios só de pensar que tudo caminhava numa engrenagem e qualquer movimento meu estragaria tudo. O amor que senti e sinto derrubou muitas barreiras pra chegar até aqui, pra me fazer tomar essa decisão. Tudo o que eu sentia eu transformava em palavras e eram todas voltadas para ela. Eu vivo por isso, em prol disso. E quando eu finalmente parei de viver para ela, ela viveu para mim. Ela já sabia, ela já sabia que me amava. Ela me amou desde a primeira vez que me viu, eu senti. Eu lembro que ela rabiscou meu nome numa agenda de uma guria que nos apresentou(Deus a abençoe). Eu quase a puxo lhe tasco um beijo no meio do bosque, mas não havia a mínima coragem em mim. Opa, opa, opa. Finalmente encontrei um espaço para encaixar o nosso guia astral na conversa. Caio Fernando Abreu, como sempre merecendo meus aplausos disse certa vez num conto sobre uma garota de capa: Conferia-lhe uma superioridade que ela não tinha para não precisar tocá-la. Eu conferia uma superioridade que nem Cleópatra tinha ou teve. Ela era para mim uma Deusa a ser seguida. Ela é para mim uma Deusa a ser seguida. 

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