Num certo tempo, que acabou de acabar de começar, com tantas fotos e um só gole de chá, montei um albúm de palavras e tentei te decifrar, tudo caiu como uma luva, e uma curva fora do lugar. Tentei entender como Alice parece com Ana que parece comigo que parece contigo, que espairece em outros corpos e se alimenta de amor e dor. O absurdo disso tudo é desrespeito a literatura, que tenho e tive e terei, porque dor se transforma em texto que se transforma em pretexto tachado de declaração de amor. Tudo parece suave e escorre como suor, mas a tatuagem marcada no único pedaço claro de minha pele lembrará até os bichos comerem o meu corpo o dia em que eu comecei a amar. Nada mais é sobre mim ou o meu estar, nada disso nunca foi pra mim e tudo o que eu quero é ficar. Ao lado de quem ama, de quem gosta de cama, de quem gosta de comer e beijar. Nada de rezar. Longe de mim rezar, não jogo culpas nem traumas ou pânicos em Deus, tudo está onde deveria estar. E se você está aí, em Mossoró, tão perto e longe de mim, uma hora e pouco e viagem me fariam chegar, mas o teu corpo é vago demais pra aguentar o peso que o amor carrega. Tereza, Ana, Maria, José, Filha de Deus, Ruiz e Mazé, você faz falta mais que coca-cola e café. Ana, trás as tuas tralhas pra cá, a tua mochila, as paisagens da cidade, vem de ônibus ou caminhão, de jumento ou avião, não importam os meios pra chegar ao meu lugar, tudo o que eu temo é não mais poder encontrar tudo aquilo que um dia engasgou e desceu com vodka fria, tudo aquilo que agora procuro é um shelter pra descansar. Mudando agora o assunto, o rumo, a pessoa e o lugar, ainda em fortaleza te procuro, nos muros, e ir por onde flor, que nosso jardim continua lindo e eu o alimento com lágrimas e sorrisos, é tudo que eu preciso. Axl Rose, Rosas e Roseiras são palavras que rimam com nada, rimam entre si e descem ladeiras com espinhos, e terminam arrancando as raízes desse meu lugar. Não escrevo poemas, nem cartas, sequer dou telefonemas, o que aguardo, sem paciência e com atraso, é o dia em que um violão vai bater na minha porta e tocar uma mpb com a voz bem fodida de cigarro. O que aguardo, desses romances, lances e troços insolúveis, não são reinos, não são férias com seu Saturno, não são dias em praias, o que eu quero, pra ser sincero, é ver você, sem temer, na minha cama, rolar na lama, te escrever. Tudo que eu escrevo é pra você, amor de mais de mil semanas, amor que rima com bananas, amor que pinta setes e anda com navalhas afiadas na língua, que só beija de língua, e que eu sonho em beijar. Tudo isso parece muito longo, muito estranho, muito seco, desce amargo no peito, só sei que um dia, dentro da tua casa vazia, eu vou comprar tua casa e tu não terás onde morar, vem morar comigo, meu bem, meu bem sempre cai bem, parece que meu bem sempre sai da boca dessas mulheres charmosas, meio machos, meio frias, que cantam e fumam, e bebem e trepam sem parar. Desculpe se o texto é vulgar, eu só queria saber acompanhar a rotina da literatura, voltando agora ao começo, você entendeu o meio? Melhor parar.

Postagens mais visitadas