Agosto veio com tudo. Tenho comigo a esperança que é pura ilusão, de que as coisas são e serão como devem e deverão ser. Aliás, ser é um adjetivo inexistente, nem é adjetivo, mas é inexistente. Continuo acordando, gargarejando água com sal pra tirar tudo de ruim da boca, segundo meu mestre de Biologia. Acabei de começar uns cursos, coisa muito simples, coisa que vai me livrar desses cursinhos enjoativos e inúteis. Minha vida está lotada de coisas úteis, iorgute no café-da-manhã, seis aulas diárias, dança durante três horas seguidas as segundas, quartas e sextas. Realmente, danças livra a alma de uma porrada de coisas. Dançar livra o excessos, os restos, põe tudo pra fora. Nisso, nunca acreditei, até você ditar pra mim naquela noite de inverno ao som do mar maravilhoso que DANÇAR E BLÁBLÁBLÁ, não consigo mais lembrar. No cansaço, mas com amor, chego em casa e abraço meu anjo de duas pernas e nenhuma asa, adormeço. Muito pouco tempo pra escrever, pra te enviar cartas e mais cartas. Ana me toma os pensamentos em alguns pedaços do dia, principalmente quando penso que um tal evento deste ano tenho a possibilidade de vê-la em 3D. Não deve ter nada haver com isso, não consigo ser high-tech. Merda! Os dias são quase iguais, na terça e quinta uso bastante protetor solar e vou em busca de mais dinheiro pra administrar a minha feira de ciências. Que fofinha, feira de ciências, pareço, de fato, uma criança. Não? Ah, Caio, eu tive tanto amor um dia... Porque me tomaram isso? Porque me tomaram as possibilidades, porque nos tiraram Cássia tão cedo? Ela, que vivia mudando as estações, que vivia fazendo os ouvintes parar nas suas estações, eu dizia pra sempre e ela repetia com a voz rouca que o meu pra sempre ia acabar. Não acabou. Nem acabará. Solidão é bicho ruim, e mata.

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