Ela não passava de uma ex-apaixonada. Tornou-se uma niilista, mais uma naquele país onde as Brasileiras eram dançarinas de samba com salários baixíssimos. A única pergunta que ainda guardava um pouco de sentimento era ''como conseguiram fazer o samba ser triste?''. Mas o samba foi feito para os corações partidos, pensava no fundo, e no fundo do fundo sabia: Era também muito triste. Não admitia sua miséria, trezentos dólares pra abrir as pernas por uma hora. Sentia-se falsamente feliz a longo do dia, gastando os novecentos dólares com casacos e mais casacos, chocolates&relógios. Afinal, era só isso que aquele lugar triste e frio cheio de homens sem caráter mas com o bolso cheio podia lhe oferecer. Quando sentava na janela de eu quarto, naquele hotel barato onde as paredes e o guarda-roupas mofava pensava: Quero o calor do Teu Estado. Do teu país. Era só mais uma noite, o desejo tinha de descer rasgando, pensava nela uma ou duas vezes, pensava em Lucy como se fosse sua única salvação, mas não aceitava, por saber que já havia sido a perdição, então lembrava que era por causa dela que ela tinha ido para lá, aceitado o tal convite do gringo cheio de promessas, cedilhas e acentos, a fala que mais parecia um escarro! Era por ela que havia ido embora, em busca de um futuro melhor para as duas, sentia-se abandonada, nenhuma carta, nenhum telefonema, nenhum beijo-no-rosto-de-boa-noite. Nada. Pra ela, nada. Para Lucy: Saudade.
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como uma flor selvagem numa floresta do japão.
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